quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

Ginástica Corretiva-Consciência Corporal e Educação do Movimento

GINÁSTICA CORRETIVA

CONSCIÊNCIA CORPORAL E EDUCAÇÃO DO MOVIMENTO


Por que o nome deste texto - Consciência Corporal e Educação do Movimento?

Não estaremos falando do aumento funcional de rendimento, perfeição de exercícios, aprendizagem mecânica de gestos, do treinamento.
Nesta leitura, não nos importa a técnica, estaremos enfatizando o homem em sua totalidade e em seu pleno desenvolvimento motor, cognitivo e sócio-afetivo.
Estaremos refletindo sobre a consciência corporal e a educação do movimento e suas possíveis aplicações na descoberta das partes do corpo e de seu equilíbrio.
Pensar sobre a linguagem do corpo é promover todas as possibilidades do movimento através da sensibilidade, vivência dos movimentos, conscientização das partes do corpo e a estimulação do lúdico.
A partir daí, aprimorar os aspectos físicos e psíquicos do corpo e suas inter-relações.
A falta de uma reflexão mais profunda dos processos educacionais vigentes, a falta de paradigmas das ciências em geral e especialmente educacional, leva-nos a considerar o aluno como um espectador, um corpo-objeto, no processo de aprendizagem e com isto, uma falta de preocupação com sua auto-organização, com suas formas de vivência e interação com o meio, enfim, um ser UNO constituído de corpo, mente, emoções...
Hoje se teoriza muito corporeidade, falar em corporeidade parece simples. O termo corporeidade entrou facilmente em nossa linguagem como se sua simbologia fosse de fácil interpretação e nos levasse a um único pensamento. No dicionário, corporeidade indica a essência ou a natureza dos corpos, um estado corporal.
Os manuais nos fornecem o domínio científico e a etimologia nos diz que corporeidade é o derivado do corpo, é o organismo humano oposto à alma. A corporeidade enfim, é relativo a tudo que preencha espaço e se movimente, e que ao mesmo tempo, situe o homem como um ser no mundo.
Não precisamos ir muito além, a escola. Esta mostra um disciplinamento e um controle do corpo, das idéias, dos sentimentos, uma total anulação. Um disciplinamento que atua no corpo com intenção de transformá-lo num corpo dócil, num corpo preparado para se atingir melhores resultados, onde o aluno não precisa nem deve questionar, simplesmente executar e assimilar.
Devemos aceitar o corpo não mais como a soma das partes, mas sim, pensar o corpo, como um sistema de interação, onde suas partes só possuem sentido quando relacionada com as demais. É uma totalidade integrada cujas ações existem sempre em função do conjunto.
Podemos observar que cresce a cada dia estudos e pesquisas relacionados com consciência corporal, motricidade humana, movimento independente, corporeidade e cada vez mais, a negação do corpo está ficando nas páginas do passado.
Está se acentuando a necessidade de observação do corpo, uma nova maneira de vê-lo, porém essa nova abordagem do corpo requer uma amplitude de conhecimentos para poder estarmos entendendo a complexidade humana e o significado da palavra corpo num sentido mais amplo.
O corpo se define simplesmente por ser, por ocupar um espaço, faz parte do mundo, se relaciona com ele, interage com as coisas do mundo e também se relaciona com outros corpos.
Somos corpos fazedores e transformadores de um mundo, corpos vivos, num tempo e num espaço experimentando todas as possibilidades emergentes e que nos são de direito.
Devemos proporcionar para nossos alunos uma educação humanizante, uma educação onde nossos alunos possam ser psicológicos, biológicos, fisiológicos, cinesiológicos e antropológicos. Uma educação que transforme seus conhecimentos e que contribua para uma integração qualitativa ao meio social.
Precisamos também, estarmos atentos a uma melhoria nos processos educacionais, para que possamos fazer emergir a construção de novos conceitos, novas vivências, e a partir daí, estarmos contribuindo para a descoberta de novas possibilidades.
Não temos como fugir de uma educação corporal, uma educação que considere o corpo como uma ligação homem-mundo, ela está presente na cultura, nas tradições, na natureza, no cosmos.
Nossos alunos precisam de uma educação que comprove nossa existência e importância no mundo, que entenda que é preciso existirmos para que o mundo possa existir também. Uma educação que considere importante que nossos corpos se movimentem, se transformem, para que possamos transformar as coisas do mundo e ao mesmo tempo estar organizando e desorganizando o nosso auto fazer-se.
A educação que buscamos deve possibilitar autoconhecimento, compreensão de si mesmo e de seu mundo, prazerosidade, contato com o lúdico e desenvolvimento de uma consciência crítica, favorecendo e incentivando o aluno a manifestar suas idéias através de um agir pedagógico coerente, e a partir daí, o aluno possa expressar sua corporeidade e sua capacidade de adaptação, favorecendo ao mesmo, acoplamentos estruturais nessa relação bio-psico-energética.
Esse aluno-corpo é movimento em tudo o que faz, é um significante expressando sentimento. Seu corpo é ativo no espaço que ocupa, se comunica com os corpos ao seu redor e interage com eles.
Um corpo em busca de novas possibilidades, novos caminhos, um corpo que necessita estar, ser, sentir e ser sentido.
Na elaboração de nossas aulas, estaremos preocupados com a educação do movimento consciente de nossos alunos, o foco principal está em estimular as crianças a criar e recriar suas próprias atividades.
Estaremos envolvendo música, som, ritmo, movimento, prazer, harmonia, intelecto, conhecimento, descoberta, formação pessoal e sobretudo educação para a vida.
Se observamos os indivíduos quando deixamos seus corpos livres para o som, para o espaço e para o tempo, são inacreditáveis os movimentos que podemos visualizar, é estimulante vivenciar esse momento, são corpos vivos, cheios de anseios, de energia e sobretudo de esperança.
As atividades a serem aplicadas devem ser naturais envolvendo o andar, correr, saltar, saltitar, equilibrar, rodopiar, girar, rolar, trepar, pendurar, puxar, empurrar, deslizar, rastejar, galopar e lançar. Desenvolvimento da noção de tamanho, forma, agrupamento e distribuição.
O ser humano necessita de experiências que possibilite o aprimoramento de sua criatividade e interpretatividade, atividades que favoreçam a sensação de alegria (aspecto lúdico), que a partir daí , ele possa retratar e canalizar o seu humor, seu temperamento, através da liberdade de movimento, livre expressão, e desenvolvimento de outras dimensões contidas no inconsciente.
Não devemos nos preocupar com a quantidade de atividades que iremos oferecer para os alunos, mas sim, qualidade, adequação e principalmente uma participação espontânea, que acima de tudo proporcione prazer, para não cairmos num processo instrucional mecanicista.
Através das atividades oferecidas, pretendemos que nossos alunos se aprimorem quanto ao domínio de seu corpo, desenvolvendo suas possibilidades de movimentação, descobrindo novos espaços, novas formas, superação de suas limitações e condições para enfrentar novos desafios quanto aos aspectos motores, sociais, afetivos e cognitivos.
Poderíamos dizer então, que a Consciência Corporal e Educação do Movimento enquanto uma prática da Expressão Corporal, poderá estar contribuindo para a reeducação ou aprimoramento das habilidades básicas, dos padrões fundamentais do movimento, no desenvolvimento das potencialidades humanas e sua relação com o mundo. Como benefício no desenvolvimento social devemos criar condições para que estabeleça relações com as pessoas e com o mundo; no desenvolvimento biológico, o conhecimento de seu corpo e de suas possibilidades; no desenvolvimento intelectual, contribuir para a evolução do cognitivo e no filosófico, contribuir para o auto-controle, para o questionamento e a compreensão do mundo.
O que nós profissionais de Educação Física temos feito?

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