quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

Funções de Ataque e Defesa no Futsal



INTRODUÇÃO

'Confundem-se as denominações usadas nos estudos sobre tática, técnica e estratégia. Elas possuem conceitos diferentes entre si e seus significados não coincidem entre os treinadores’ (Riera, 1994). Talvez esta seja uma das maiores dificuldades para a definição, dentro do futsal, de conceitos permanentes que efetivamente definam fenômenos que acontecem dentro da quadra. Há dificuldade em diferenciar sistema de jogo, posição, função, tática defensiva e tática de ataque. Buscando, talvez, subsídios em outros esportes (futebol, por exemplo) e a carência de literatura especializada, o futsal apresenta sérias distorções e más interpretações do jogo. Partindo de que ‘uma característica da atividade nos jogos desportivos, é que todas as ações realizadas são fortemente determinadas pelo ponto de vista tático’(Konzag, 1991), procuramos demonstrar que no futsal as ações táticas de ataque e defesa são condicionantes para determinar e qualificar o desempenho de uma equipe, bem como apresentam uma peculiaridade em relação a outros esportes coletivos de oposição: no futsal é muito difícil que determinado atleta atue em uma certa posição, ou cumpra uma única função em quadra. Baseado nas ações táticas de ataque e defesa realizadas pelos atletas, de acordo com as estratégias pré determinadas para obtenção do rendimento, encontramos uma nova dinâmica de jogo e de sua compreensão.
Para um melhor entendimento veremos o que a literatura nos trás em relação aos conceitos de estratégia e tática. Para Zakharov (1992) 'estratégia é a orientação geral e os caminhos gerais de obtenção dos objetivos competitivos. A estratégia determina a escolha da tática que, por sua vez, é realizada com a utilização do volume necessário de ações técnicas.’ Sendo que ‘nos jogos esportivos coletivos adquire a tática seu nível de expressão mais alto. Estes caracterizam-se pela permanente mudança de situações, o que impõe ao atleta constante exigência no: a) domínio das técnicas específicas de forma flexível (ou seja, adaptada a situação); b) uma capacidade de tomada de decisão (escolha de uma opção) caracterizada também pela flexibilidade e adaptabilidade na situação do jogo’ (Greco e Chagas, 1992), posição corroborada por Samulski (1980) quando diz que ‘ao treinamento da tática pertence a adaptação ao adversário, a mudança de um sistema de jogo para outro, a compreensão rápida de determinadas situações e a constante cooperação com os companheiros de jogo.’
Blázquez (1986) faz uma caracterização interessante dizendo que 'estratégia é o tipo de conduta tendo em conta todas as eventuais possibilidades e suas conseqüências que pode utilizar o atleta e serve para indicar-lhe o que deve fazer em qualquer situação de jogo. Tática é a realização de meios de ação aplicados a determinadas situações geralmente preestabelecidas de antemão.’ Dentre as várias definições de estratégia de tática, vale citar Riera (1994) por ser bastante abrangente, objetiva e de fácil compreensão:

ESTRATÉGIA: Está presente em qualquer atividade humana. Normalmente utiliza-se o termo no âmbito Militar, Empresarial e Desportivo e são:
Objetivo principal: objetivo do(s) desportista(s) / Clube;
Planificação: curto, médio e longo prazo;
Globalidade: todos elementos que incidem no rendimento desportivo.
TÁTICA:
Objetivo: é parcial mas dentro de uma estratégia global;
Combate: é a essência da tática. A improvisação supera a planificação. As decisões são imediatas e dependem das situações e intenções constantemente variáveis do(s) oponente(s) e dos companheiros. A rapidez é essencial. Há de se prever, antecipar e intuir a atuação do oponente a todo momento que tentará nos enganar quanto as suas intenções a todo momento.
Oponente: a atuação tática vem em boa parte determinada pela atuação do oponente. É necessário estar muito atento aos fatores vinculados a atuação do oponente e sua situação temporal no espaço em relação a nossa.
Características da Tática:
a) A tática só está presente nos desportos de oposição: enquanto o conceito competição está implícito em todos os esportes, a noção de oposição deveria ser utilizada somente para referir-se a aqueles desportos em que os oponentes se enfrentam entre si, de forma direta, deliberada e sistemática, lutando por um espaço ou móvel: futebol, basquete, hóquei, tênis, luta etc.;
b) O engano, a simulação, a surpresa são o centro de toda a ação tática;
c) A tática pode ser individual ou coletiva;
d) Pode-se distinguir entre tática em ataque (posse do implemento/móvel ou disposição de infringir dano ao adversário) e tática em defesa (não posse do implemento/móvel ou evitar sofrer dano do contrário).

Estratégia Tática Técnica
Palavra chave: Planificação Luta/combate Execução
O desportista se relaciona com: Globalidade Oponente Meios e objetos
Finalidade: Conseguir o objetivo principal Vencer ao adversário Atuar com eficácia
QUADRO V: Resumo das características da estratégia, tática e técnica desportiva (Riera, 1994)

No quadro V temos a representação do resumo entre as diferenças propostas por Riera entre estratégia, tática e técnica, onde vemos que a palavra chave da tática é combate, no sentido amplo de disputa, oponência, vencer uma força contrária. O relacionamento do desportista é com ou contra o oponente em quem está a sua finalidade: vencê-lo. Portanto, ‘o comportamento tático deve ser um ato orientado intencional e consciente. Para um atleta, a intencionalidade no jogo deverá estar condicionada pelos conceitos táticos que a análise da situação-momento sugerir’ (Sisto e Greco, 1995). Em resumo, a 'tática compreende o conjunto de modos de comportamento, de ações e de operações individuais e coletivas dos atletas e da equipe - tendo em conta as regras do jogo, comportamento do adversário e dos companheiros e das condições externas - que tem direito de desfrutar completamente com vistas a obter o melhor resultado no jogo ou um desempenho ótimo' (Barth, 1994).

SISTEMAS DE JOGO

Verificando a literatura (Lucena, 1994; Teixeira Júnior, 1996; Santos Filho, 1998) encontramos um consenso nas formações de sistemas de jogo no futsal. Basicamente os sistemas propostos setorizam a quadra com linhas verticais e horizontais ou com linhas em diagonal. As variações apresentadas são quanto a distância dos atletas entre eles e/ou a meta adversária. Entretanto os autores não especificam se os sistemas propostos são de ataque, defesa ou para ambas as situações. É interessante analisar o quadro VI onde o autor define as funções dos atletas em cada sistema de jogo.

Sistema Característica
2 x 2 2 defesas, 2 atacantes
3 x 1 2 fixos (1 defesa, 1 ataque), 2 alas com movimentação por toda quadra
2 x 1 x 1 2 defesas, 1 armador, 1 atacante
4 x 0 Semelhante ao posicionamento 3x1 porém em sua própria quadra
1 x 2 x 1 Variação dos já citados. 1 fixo defesa, 2 alas mais próximos ao meio da quadra,1 atacante
QUADRO VI: Posicionamentos da equipe em quadra. (Santos Filho, 1998)

Encontramos em cada sistema de jogo características entre os atletas que impedem de definirmos se a proposta é de ataque ou de defesa. Sendo assim entende-se que esta formação seria uma formação básica para início das ações da equipe. A posição compartilhada pelos autores é de que existe posições ou funções fixas dentro do futsal, como no sistema 2x2 em que o autor define que 2 atletas marcam e 2 atletas atacam, o que seria um absurdo. No sistema 3x1 o autor estabelece uma posição inicial onde elimina um atleta da defesa e determina que o ataque seja efetuado com apenas 3 atletas ou em inferioridade numérica.
Esta análise parece exagerada mas demonstra que a literatura indica para uma especialização do atleta de futsal. É importante que aumentemos as possibilidades de ensino e utilização dos atletas dentro de um jogo. Embora a base dos sistemas de jogo do futsal seja esta exposta aqui, o conhecimento aceito ou difundido e as equipes sejam montadas dentro destes conceitos, veremos adiante que é necessário olhar o futsal sob um novo prisma, mais dinâmico, mais globalizado.

DEFESA

QUANTO ÀS POSIÇÕES

A definição de Fernandes (1994) sobre a missão dos jogadores de futebol pode ser utilizada no futsal. 'Cada jogador de uma equipe de futebol possui uma missão tática específica numa partida. Essa missão define a especialidade de cada um dos onze jogadores e cada uma delas exige certas particularidades que definem cada posição no conjunto da equipe.' Então, são estas particularidades da missão de um atleta de futsal dentro do jogo que indicam qual a sua função para a equipe. Entendemos que a missão pode ser variável, alternando a cada jogo ou dentro de um mesmo jogo. Araújo e Cols. (1996) em estudos sobre as diferenças nas distâncias percorridas pelos atletas de futsal em quadra os divide por posições: ala, fixo e pivô. Acreditamos que o goleiro não é citado por ter seus deslocamentos limitados pelas regras quando da pesquisa. Os autores também não definem quais as funções de cada posição na quadra de jogo; apenas as cita. Esta diferenciação por posições nos leva a crer que realmente exista alguma peculiaridade em cada uma delas. A missão ou função dos atletas não seriam as mesmas.
Outros autores atribuem às posições suas verdadeiras funções dentro de quadra. Para ilustrar, escolhemos as definições das posições no futsal propostas por 2 autores, sendo a primeira sugerida quando ao goleiro não era permitido jogar fora da área de meta e a segunda é mais recente e foi sugerida com as regras ora em vigor.
• GOLEIRO: responsável por defender o gol impedindo que a bola ultrapasse a linha de meta, podendo utilizar qualquer parte do corpo para exercer as funções de defesa, tem como espaço de atuação a área de meta;
• FIXO ou BEQUE: tem como função básica coordenar as ações de defesa, de modo a impedir ou dificultar a utilização de manobras ofensivas por parte dos adversários, podendo atuar também ofensivamente em manobras articuladas pela sua equipe. Tem como espaço básico de atuação o centro de sua meia quadra defensiva;
• ALAS D e E: têm como função articular as ações ofensivas ligando a defesa ao ataque, tendo como espaço básico de atuação os espaços laterais da quadra compreendidos entre as linhas de fundo;
• PIVÔ: tem como função distribuir as jogadas quando acionado ofensivamente, podendo exercer também ações de finalização, tendo como espaço básico de atuação o meio de quadra ofensivo (LUCENA,1994, p. 80).

Posições e funções segundo Teixeira Júnior (1996):
• GOLEIRO - proteger o gol / precisão no passe
• FIXO - marcação
• ALA - construção de jogadas / ataca e defende
• PIVÔ - escorar a bola para quem vem de trás / espaço de atuação: quadra adversária.
Em ambas as definições encontramos 1 goleiro comprometido com a proteção da meta, evitando o gol adversário, 1 beque/fixo com funções e marcação, 1 pivô com funções de distribuição e finalização e 2 alas armadores ou articuladores. Desta forma já desenhamos um sistema de jogo 1x2x1 ou 3x1, limitando as opções de ataque e defesa. Também caracterizamos 2 posições pelo aspecto defensivo e 3 pelo aspecto de ataque, como se uma equipe de futsal atuasse em 2 blocos. Para melhor entendermos isto é necessário estudarmos com funciona a marcação e o ataque, quando poderemos compreender a diferença entre posição e função na quadra e escolhermos o mesmo referencial para caracterizar a equipe.

MARCAÇÃO

A primeira pergunta a ser feita é quando começa a marcação e o que é ? Fernandes (1994) diz que 'quando uma equipe perde a posse da bola começa o jogo defensivo, momento em que devem ser aplicados os princípios da tática individual defensiva, que só termina com a recuperação da bola.' Este jogo defensivo seria a 'ação de impedir que o oponente direto tome posse da bola e quando de posse da mesma venha a progredir pelo espaço de jogo' (Lucena, 1994) que é compartilhado por Voser (1996) quando define que 'marcação é a ação de impedir que o adversário receba a bola ou que o mesmo progrida pelo espaço de jogo.'
Definida a marcação veremos o que seria a tática defensiva. Martini (1980) chama de tática de defesa a 'colaboração de todos os defensores em luta com o ataque adversário. É necessário que uma equipe na defesa faça frente às ações coletivas de ataque adversário.' Implica dizer que tática defensiva, mais que a ação individual exige colaboração na marcação do oponente em duas formas: a) auxiliando o companheiro próximo; b) marcando o adversário que não participa diretamente da jogada ou que não está de posse da bola. Fernandes (1994) enfatiza quando diz que 'é importante que todos jogadores da equipe estejam concentrados na forma de proteção que poderão oferecer ao seu gol', ou seja, todos ao mesmo tempo, não alternadamente.
Aqui temos uma definição sobre marcação retirada do basquetebol, esporte semelhante ao futsal, que oferece muitos elementos para pesquisa e nos oferece uma seqüência de opções e prioridades para que cada atleta pense da mesma forma que os demais, muito oportuna.
'Defender ou marcar é dificultar ou impedir que o adversário:
a) receba a bola;
b) arremesse/chute;
c) passe corretamente;
d) drible tranqüilamente;
e) corra livremente;
f) monte os seus habituais esquemas;
g) organize seu ataque;
h) adquira posições favoráveis;
i) ganhe o jogo.' (Smith, 1980)
A literatura relaciona 'tipos de marcação' as quais chamaremos de estratégias coletivas de marcação (E.C.M.) e neste primeiro momento trataremos destas estratégias quanto a referência de marcação.

E.C.M. Lucena (1994) Teixeira Jr (1996) Júnior (1998) Santos Filho (1998)
INDIVIDUAL Forma direta a um oponente Preocupação é oponente Referência é adversário Cada um marca o seu
ESPAÇO ZONA SETOR Ocupar zonas do campo Cada atleta um setor da quadra Referência é a bola Divide-se a quadra em zonas
MISTA Combina ind/zona combinação Começa zona e acompanha adversário
COBERTURA Troca marcação quando adversário dribla companheiro
COM TROCA 1 marca a bola na quadra adversária
QUADRO VII: Estratégias coletivas de marcação (E.C.M.) quanto a referência segundo vários autores.

Como vemos no quadro VII, existe um consenso entre os autores de que no futsal existe a marcação individual, marcação setor ou zona e marcação mista. Quando é citada a marcação com troca ou com cobertura, ao comparar a sua definição vemos que ambas relacionam-se com a marcação setorizada, pois quando o atleta adversário dribla há a troca de marcação ou 1 atleta marcando na quadra adversária significa dizer que nos dois casos a marcação é setorizada pois a primeira apresenta uma situação onde o atleta troca de setor e na segunda o marcador é responsável por um setor. Na marcação individual a referência é o oponente e cada atleta é responsável por ele. Neste caso pode haver auxílio/cobertura dos companheiros marcando a linha de passe ou não. Na marcação setorizada a quadra é dividida em setores e estes pode ser em forma de quadrado, losango ou outra forma geométrica e a referência do atleta é o setor no qual é responsável. A diferença pode estar na forma em que é dividida a quadra. Quanto a marcação mista nada mais é do que a combinação entre a individual e setorizada, necessitando para isto haver um indicativo de jogo ou sinal para indicar o momento em que há a mudança de referência, homem ou quadra.

FORMAS DE MARCAÇÃO

A E.C.M. da equipe ainda sofre mais uma variável e que durante um jogo apresenta alternâncias mais freqüentes, por determinar um momento específico como a necessidade de manter o resultado, necessidade de assinalar um gol, necessidades circunstanciais como pressão externa etc. São várias possíveis combinações a serem feitas da E.C.M. em relação a referência de marcação (adversário ou setor) e a pressão dada à marcação. Assim podemos estabelecer uma estratégia coletiva de marcação com o referencial no setor da quadra na formação 2x2 ou 1x2x1, aguardando o adversário na própria quadra, realizando pressão intensa em toda a quadra ou ainda pressionar o adversário quando este passar de uma determinada linha imaginária. Este é um exemplo de como é possível variar a marcação quanto a sua posição ou progressão em quadra. Aqui enquadra-se a definição de Júnior (1998) da E.C.M. em relação ao ponto de pressão: 'marcação meia quadra = aguardando o adversário na sua quadra; pressão = apertando o adversário em sua quadra, logo na saída de jogo; meia pressão = esperar a saída do adversário e em seguida marcá-lo, aproximadamente a 3 metros da meia quadra ofensiva.' Este momento em que o atleta define o adversário a ser marcado na E.C.M. individual ou começa a fazer pressão ao adversário na E.C.M. setorizada chamamos de ENCAIXE DE MARCAÇÃO e alguns autores chamam de fazer base para a marcação.

TÉCNICA DE MARCAÇÃO

O ponto de partida para tratar sobre a técnica de marcação é dizer que 'o marcador deve se colocar o mais próximo possível de um atacante que tem a bola, formando uma reta entre a bola e o seu gol' (Fernandes, 1994). Esta afirmação deve ser encarada com muita atenção, pois em determinados casos, no futsal, o marcador mais recuado (beque/fixo) está eventualmente à frente do atacante (pivô), fazendo a linha reta entre a bola e sua meta, ficando mais longe de sua meta que o adversário, porém entre este e a bola.
Lucena (1994) propõe que a técnica de marcação divide-se em duas fases: 'APROXIMAÇÃO = o aluno procura aproximar-se do seu oponente, buscando equilíbrio adequado para exercer a ação de abordagem; ABORDAGEM = após estar em situação de bom equilíbrio, abordar o oponente buscando obter a posse de bola ou desequilibrando a ação do passe adversário,' que no handebol, outro esporte semelhante ao futsal nos seus princípios e objetivos, é assim definido por Käsler (1978): 'os jogadores devem orientar-se em função do adversário, aprender a dominá-lo na corrida, tentar impedir um recebimento e passe da bola, cumprindo assim as primeiras exigências, com relação ao adversário, de procurar o contato com ele.'
Com relação a técnica individual de defesa, vários autores ordenam e priorizam o comportamento do atleta. A técnica de defesa segundo Martini (1980) segue o organograma:
a) posição base;
b) movimentos do jogador no terreno;
c) mobilização do corpo na defesa;
d) luta pela posse da bola;
e) bloque aos arremates à baliza.
exemplificando a 'posição base para a defesa: o jogador fica voltado para o adversário em posição de salto, de pernas abertas, com os pés paralelos. O peso igualmente distribuído pelos dois pés. As pernas estão levemente flectidas. O tronco inclinado para a frente, as costas curvadas' (Martini, 1980).
Santos Filho (1998) salienta alguns aspectos que os marcadores não podem esquecer:
a) procurar estar sempre entre a bola e a sua própria meta;
b) evitar dar o 'bote' (entrar de primeira);
c) marcar olhando a bola e a movimentação de quadril e pernas do adversário;
d) estar sempre bem equilibrado e com o centro de gravidade mais baixo para facilitar os deslocamentos e mudanças de direção;
e) ser determinado, eficiente e Ter noção de cobertura;
f) nunca perder a linha da bola, devendo sempre estar atrás desta ou pelo menos na mesma linha;
g) procurar deslocar o adversário para a lateral da quadra, manobra esta que diminuirá seu ângulo de chute e limitará sua capacidade de realizar manobras ofensivas, devido à diminuição de seu espaço;
h) evitar ficar na frente do adversário pois, o ideal é estar ao lado ou atrás deste, o que poderá facilitar a antecipação para se efetuar o desarme.
Ao referir-se a marcação individual, Santos Filho (1998) define o ENCAIXE DE MARCAÇÃO como procedimento onde 'os atletas deverão acompanhar seus marcadores, por toda quadra, independente do local em que eles se coloquem,' ou seja, definir o atleta o qual deve marcar e, de acordo com a forma de marcação acompanhá-lo com deslocamentos ou com a visão, de forma clara para os seus companheiros. Caso a E.C.M. seja setorizada o encaixe de marcação dar-se-á sempre que o atleta adversário estiver dentro do setor do marcador, alternando o alvo do encaixe de acordo com as trocas efetuadas pela equipe oponente.

Ao perder a posse da bola a equipe deve preocupar-se em evitar o contra ataque adversário. Este é o primeiro procedimento e é realizado com a marcação tirando a linha de passe do atleta de posse da bola, obrigando-o a conduzi-la e assim atrasar o seu ataque. Quando a defesa organizou-se (no setor ou individual), encaixando a marcação ou passando todos da linha da bola, parte-se para aplicar a E.C.M. do ponto de pressão pré determinado que seria pressão, meia pressão ou defensiva para dar seqüência ao processo de marcação.

ATAQUE

OBJETIVO DO ATAQUE.

O objetivo no ataque de uma equipe de futsal é criar uma linha entre atacante, bola e meta sem adversário para interromper a trajetória da bola ou adversário longe da bola (normalmente ocorre o goleiro) que tenha dificuldade para bloquear o chute ou conclusão e esta tenha maiores probabilidades de êxito, ou seja, entrar na meta assinalando um gol.
Dentre as várias formas de conseguir este objetivo, os atletas atacantes podem tentar driblando com finta para atingir a vantagem numérica sobre a defesa adversária, situação que obriga a marcação sair da linha de chute e marcar a linha de passe. Se optar pela definição da marcação na linha de chute obrigará a que o goleiro marque um atleta atacante e então deixará a meta sem base de defesa ou deixará um atacante desmarcado; usando a velocidade de deslocamento para criar vantagem numérica sobre um adversário lento ou cansado - normalmente ocorre nos contra ataques, nas tabelas ou passe de tempo; deslocando os atletas em grupos para induzir a defesa a acumular atletas marcadores em um determinado setor da quadra ou abrir corredores vazios, o que ocorre normalmente após trocas de passes mais rápidas que o deslocamento da marcação - eficiente quando a marcação é setorizada; chutando de média e longa distância para 'minar' o adversário, pondo em risco sua integridade física - opção para marcação defensiva, contudo oferece riscos de contra ataque; transferindo a bola alta sobre um ponto neutro próximo a linha da área adversária com objetivo de atrair o beque e goleiro para a disputa com seu atacante. Possibilita de ganho direto 1x2 ou a posse da sobra (segunda bola). Cada situação apresenta uma probabilidade de êxito própria, de acordo com o momento do jogo e características dos atletas. A opção por qualquer delas requer treinamento específico, conhecimento do potencial dos atletas e adequação temporal da aplicação, bem como o período em que será utilizada.
A opção de drible com finta, que parece ser a mais utilizada, não aceita apenas posicionar os atletas em determinados setores da quadra. Para facilitar a ação do atacante é necessário oferecer a ele a situação de forma que a bola lhe chegue antes de o seu marcador assumir sua posição de marcação, ou seja, 'pegar o marcador de lado', deslocando-se, o que possibilita maiores e melhores opções ao atleta que irá fintar o adversário. Cria-se uma situação de 1x1. Caso o objetivo seja segurança na jogada a equipe movimenta-se de forma a que 1 atleta, companheiro do atacante, esteja atrás da sua linha para realizar cobertura, se preciso. Caso a equipe deseja assumir maiores riscos devido ao momento do jogo, todos os companheiros do atacante posicionam-se a frente da linha da bola, eliminando a cobertura de ataque mas apresentando, assim, mais opções de passe, obrigando a defesa a ter maiores cuidados.
Outra forma de realizar um ataque obedece uma seqüência lógica, diferente das aqui citadas. O contra ataque possui algumas peculiaridades e ao mesmo tempo em que facilitam a sua execução requerem um nível de treinamento muito grande. Ao assumir a posse de bola, uma equipe normalmente consegue estar de frente para a quadra adversária enquanto que a outra está de costas. Esta situação oportuniza que, na sua grande maioria, o ataque seja feito com superioridade numérica momentânea, tendo em vista a necessidade de a equipe agora defensora reposicionar-se para efetuar a marcação. Sendo assim, elimina-se a necessidade de fazer o padrão, a jogada pré determinada para a conclusão porque já existe inferioridade numérica na defesa, o que a obriga a fazer o mesmo procedimento de quando um atleta finta o adversário. Contudo, o ataque precisa ser efetuado com velocidade para evitar que a defesa adversária se recomponha, o que eliminaria a vantagem numérica, requerendo, então, a organização do ataque naquela seqüência: padrão, jogada, conclusão. Porém, se é vantajoso o contra ataque, algumas limitações se impõe. Perde-se o tempo de descanso da posse da bola; impossibilita a definição de posicionamento para ataque; obriga que todos atletas conheçam a movimentação de contra ataque estabelecida e saibam realizar todas as funções, porque cada atleta pode realizar uma tarefa diferente em cada contra ataque. Poderíamos definir que o contra ataque caracteriza-se pela superioridade numérica do ataque sobre a defesa. A velocidade de ataque é uma necessidade que se impõe para que um contra ataque que se inicia não se transforme em ataque desorganizado, ou seja, ataque rápido, com igualdade numérica mas sem que os atletas de ataque estejam nas posições de quadra pré determinadas, o que seria realizar um ataque sem o padrão e seus efeitos positivos.

DEFINIÇÃO DE FINTA E DRIBLE

O futsal que é um esporte relativamente novo e iniciou como um subproduto do futebol, abrigando muitas expressões e nomenclaturas utilizadas por ele. Entretanto, pelo menos dois fenômenos que acontecem no futsal merecem uma definição que exprima o fato e seja de entendimento para todas as pessoas que as lêem. Santos Filho (1998) assim os define: 'Drible: É a maneira pela qual o atleta conduz a bola através de toques sucessivos, visando a sobrepujar seu adversário. Finta: É a ação de desequilibrar o adversário que o marca, utilizando apenas o corpo. Muitos a comparam com a famosa 'ginga' do jogador brasileiro.'
Contudo, entendemos que esta definição pode ser ainda mais objetiva e apropriada para o futsal, baseada nos mecanismos intrínsecos deste esporte e apoiada em fenômenos semelhantes que ocorrem no basquetebol e handebol. Assim sendo, para efeito deste trabalho consideramos drible como o processo de condução de bola pelo atleta que a tem em sua posse, com objetivo de progredir, fintar, recuar, manter posse ou simplesmente evitar que a bola fique parada; finta ação de desequilibrar o adversário que o marca, utilizando movimentos do corpo todo, partes ou parte deste com objetivo de enganá-lo quanto a intenção de deslocamento ou ação. Pode ser com ou sem a posse da bola. A finta poderia ser chamada de desmarcação ou criação de um espaço.

PADRÃO DE MOVIMENTAÇÃO.

Com objetivo de manutenção da posse da bola ou preparação da equipe para realizar uma jogada pré determinada as equipes mantém em quadra uma movimentação geralmente cíclica, pré estabelecida e que de certa forma ameaça a meta adversária a qual Lucena (1994) chama de 'manobra básica'. A esta movimentação chamaremos de PADRÃO. Alguns padrões são largamente conhecidos como o 'Circular ou redondo; Quebrado; Penetração diagonal; Penetração paralela' (Júnior, 1998); 'M'; '8' e 4 em linha.
Basicamente estes padrões apresentam a mesma estrutura: os atletas movimentam-se pela quadra trocando passes em grupos e deslocando-se em linhas. A estas linhas damos o nome de Linhas de Corrida e obedecem um rito que se repete: o atleta recebe a bola em um ponto da quadra, desloca-se com ela ou a passa imediatamente e depois desloca-se por uma linha paralela a lateral, perpendicular a lateral, diagonal a lateral ou por uma linha quebrada, ou seja, alterna direções de deslocamento, posicionando-se em um determinado ponto da quadra para receber a bola novamente. Para oferecer ameaça à defesa adversária o atleta, ao deslocar-se, posiciona-se de forma como se fosse receber a bola no seu pé ou em um ponto imaginário a sua frente (passe de tempo). Quanto mais rápido esta movimentação realizar-se, mais eficiente a manutenção da posse da bola, consequentemente oportuniza mais qualidade na formação da jogada pré determinada ou jogada ensaiada.



JOGADAS ENSAIADAS OU PRÉ-DETERMINADAS.

Analisando as jogadas ensaiadas propostas na literatura (Lucena, 1994; Teixeira Júnior, 1996; Voser, 1996; Júnior, 1998; Santos Filho, 1998) podemos observar que as jogadas pré determinadas ou jogadas ensaiadas são divididas em dois grandes grupos: aquelas específicas para situações de jogo quando a bola está em andamento, viva ou em jogo; aquelas que são reservadas para situações de bola parada, em laterais, faltas, tiros de canto, arremessos de meta e tiro inicial e estas jogadas estão relacionadas com tipos de deslocamentos: cruzamento, infiltração e flutuação.
• Cruzamento: se criarmos uma linha imaginária entre a bola e o centro da meta adversária, podemos dizer que um atleta desloca-se realizando um cruzamento quando ultrapassa esta linha, quer por trás do ao atleta com a bola, quer por sua frente. É um tipo de deslocamento horizontal ou lateral.
• Infiltração: imaginemos outra linha da bola, esta paralela a linha de fundo. Quando um atleta transpõe esta linha para frente chamamos de infiltração. Podemos considerar também a linha imaginária existente na zona de armação que seria o setor da quadra onde está aglomerada a armação de jogo e a defesa adversária. Ao adiantar-se a esta linha o atleta está infiltrando. É um tipo de deslocamento vertical ou overlapping.
• Flutuação: chamamos de flutuação o deslocamento realizado pelos atletas quando um atleta aproxima-se da posição do companheiro, este desloca-se evitando a sua aproximação, igual a ímãs com polos iguais se aproximando. Outra forma de visualizar este tipo de deslocamento é imaginar a brincadeira 'cada macaco no seu galho'. Cada participante está em uma área própria e ao sinal todos devem mudar de posição. O deslocamento de um depende da aproximação ou distanciamento dos outros.
Estas três formas de deslocamentos são a base para todo desfecho de jogadas dentro do futsal, ou 'manobras ofensivas' (Lucena, 1994). Após a realização do padrão, quando a equipe mantém a posse da bola e descansa, organiza-se dentro da quadra situando cada elemento em seu posto, um dado gesto ou sinal sonoro indica que a equipe realizará tal jogada pré determinada ou ensaiada, com vistas a enganar o adversário, criando uma linha aberta entre o atleta de posse da bola, a bola e a meta, o mais próximo possível desta para efetuar a conclusão.
Quando das jogadas de bola parada muda-se o padrão - que é movimento simples - para uma posição estática de defesa. Enquanto o ataque pode escolher o melhor momento para iniciar o movimento após o sinal do árbitro e, por conseqüência, vencer a inércia antes que o adversário e no momento exato necessário para obter êxito na jogada, o adversário, marcação, quebra a inércia após o ataque, o que é suficiente para determinar o sucesso do ataque se realizado de forma correta.
Contudo, a fórmula para que isto funcione está em esconder do adversário o momento da realização da jogada pré determinada, a duração do padrão e a transição do padrão com a jogada. Em relação às bolas paradas o sucesso depende do sincronismo do ataque, bem como da finta sem bola.

Ao retomar a posse da bola a equipe geralmente depara-se com uma situação de vantagem numérica ou em condições de, através de passes e deslocamentos atingir a superioridade numérica em relação ao adversário. Sendo assim está criada a situação onde há um desequilíbrio na defesa e pode proporcionar a linha de chute aberta ou com marcador distante. Esta forma de ataque requer mais velocidade de deslocamento e progressão em quadra que a velocidade de recomposição de defesa do adversário. Contudo, caso não seja possível atacar (e no caso chama-se contra ataque) com superioridade numérica, a equipe organiza-se através de trocas de passe e deslocamentos cíclicos chamados de padrão onde pode descansar da tarefa de marcação, que tem eficiência diretamente proporcional a sua intensidade, e dispor os atletas em quadra de acordo com os setores da quadra onde podem realizar a ou as jogadas ensaiadas com mais exatidão, ou ainda recombinar os atletas de ataque com os atletas de marcação, podendo, através de uma combinação desproporcional, levar vantagem individual sobre a defesa.

CARACTERIZAÇÃO DO FUTSAL

Com a definição de Greco e Souza (1997), 'no futsal as ações se desenvolvem em um espaço comum, com participação simultânea de atacantes e defensores em relação à bola, sem esperar a ação final do adversário, desde o momento que se tem seu controle ou não, até alcançar os objetivos do jogo, que podem ser:
a) Parcial: recuperar o controle da bola para o próximo objetivo
b) Final: marcar o gol',
podemos explicar o futsal da seguinte forma: quando a equipe tem a posse da bola deve trabalhar sob 2 hipóteses: a) manutenção da posse; b) progredir no campo. Quando a bola está com o adversário também deve trabalhar sob 2 hipóteses: a) quebrar a armação adversária; b) obter a posse da bola.
Com este dinamismo no futsal, propor que existam posições é sugerir que o futsal é um esporte que possui 3 momentos ou 3 fases de ação: 1) ataque; 2) defesa; 3) ponto neutro entre ataque e defesa onde os atletas possam assumir suas posições. Na verdade os mecanismos de defesa começam no exato momento em que a equipe perde a posse de bola e os mecanismos de ataque iniciam quando a equipe assume a posse de bola. Se partirmos para uma análise filosófica do jogo poderíamos encontrar um movimento de defesa quando da organização do ataque quando prepara-se a cobertura para o atleta que vai driblar para dar segurança etc., etc. e vice-versa, porém deixemos este preciosismo de lado. Existe, sim funções de ataque e de defesa que podem ser realizadas as mesmas funções por um mesmo atleta ou não. Quando a equipe ataca, todos atacam; quando a equipe defende, todos defendem. Se, na organização da defesa, a equipe estiver com o beque/fixo mais longe de sua meta que os demais e esperar que ele, o beque/fixo, retorne a sua 'posição' estará solicitando demasiado deste e retardando a organização da defesa, proporcionando mais tempo para o adversário efetuar o contra ataque.

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